Foto 2.3: O NASCIMENTO DO CYBORG
Interpretação
Pensei nesse foto como o início da minha nova era, a era Cyborg. Queria transmitir uma imagem que evocasse o nascimento, mas um nascimento artificial. Pensei na banheira como um útero simbólico para marcar esse nascimento do meu novo eu. Me apresentei com uma postura mais fechada e introspectiva para remeter a imagem de um nascimento, mas um nascimento meio vulnerável.
A escolha do filtro e da textura visou transmitir. uma sensação de distanciamento e frieza, para combinar com a ideia de máquina, enquanto a água ao redor busca uma fluidez que contrasta com o conceito de rigidez de um cyborg. A legenda “Floral Machine = uma mistura de ser vivo e máquina” conecta bem essa ambiguidade entre o orgânico e o inorgânico, o humano e o mecânico, mostrando que, embora o Cyborg nasça, ele carrega uma essência natural, como um “Floral Machine” – vivo, mas tecnificado.
Esse começo estabelece o tom da fase Cyborg, explorando a dualidade entre ser humano e ser máquina, enquanto deixo margem para uma série de interpretações sobre a luta interna e a transformação pessoal.
Arte
Surrealismo
Essa imagem pode ser associada ao movimento Surrealista, que explora o inconsciente, os sonhos e a fusão entre o humano e o inumano. No Surrealismo, há uma busca pela expressão de estados mentais e emocionais profundos, muitas vezes através de combinações visuais que desafiam a lógica e evocam um estado de introspecção ou transformação, como o que busquei. retratar com a ideia de um Cyborg emergindo.
Obra de arte
“O Nascimento do Homem Novo” (1933–1940) de Salvador Dalí
A obra retrata um homem em um estado de transição e metamorfose, com partes de seu corpo em transformação, simbolizando a fusão de diferentes essências, como o humano e o inumano. Assim como no meu conceito de Floral Machine, Dalí explora o entrelaçamento do que é natural e artificial, do que é vivo e estático.
Essa relação com o Surrealismo traz uma profundidade maior à ideia do Cyborg, mostrando que a transformação para essa nova fase não é apenas tecnológica, mas também uma imersão no subconsciente, onde diferentes aspectos de si mesmo – o vivo, o mecânico, o introspectivo e o extrovertido – coexistem e se redefinem.
Música
“Human” de Sevdaliza
A sua melodia hipnotizante, com batidas eletrônicas sombrias e a voz etérea de Sevdaliza, cria uma atmosfera introspectiva e ao mesmo tempo futurista, ecoando a ideia de um ser em transição – humano, mas com nuances mecânicas e inumanas.
A letra da música, que afirma repetidamente “I am human”, explora a complexidade da identidade, onde vulnerabilidade e força coexistem. Assim como na foto, onde estou submerso, como se estivesse emergindo ou renascendo, a música transmite essa luta interna entre a humanidade e algo além, como se questionasse o que significa realmente ser “humano”. A frase “Nothing more than human” sugere um limite ou uma fronteira, o que se reflete na minha postura na imagem – retraído, mas poderoso, como se estivesse prestes a transcender essa definição de humanidade.
Filosofia
Essa foto, acompanhada pela escolha de “Human” e o conceito do Cyborg, pode ser analisada por meio de vários conceitos filosóficos, incluindo o Manifesto Cyborg de Donna Haraway, mas também trazendo à tona ideias de Foucault, existencialismo e transumanismo.
Manifesto Cyborg – Donna Haraway
No Manifesto Cyborg, Haraway argumenta que o Cyborg é uma figura híbrida que desafia as dicotomias tradicionais (como humano/máquina, natural/artificial). A foto, que retrata o “nascimento” de um *Cyborg*, explora essa fusão, sugerindo que as fronteiras entre humano e tecnologia são fluidas. Haraway vê o *Cyborg* como uma metáfora para uma nova identidade pós-humana que escapa das normas impostas por gênero, raça e biologia, algo que ressoa no conceito de “Floral Machine” – uma mistura de ser vivo e máquina. A foto encapsula a noção de que a identidade é construída e maleável, incorporando influências externas e tecnologias que transformam nosso “eu”.
Biopoder e Corpo como Construto – Michel Foucault
Foucault explora a ideia do corpo como um objeto de controle e construção por forças sociais e políticas. No conceito de biopoder, ele examina como o corpo é moldado e governado pelas normas sociais, incluindo as tecnologias que o cercam. Nessa foto, o corpo emerge como algo em transição e vulnerável, mas também poderoso em seu potencial de transformação. A imersão na água, espaço de purificação e renascimento, evoca o conceito foucaultiano de como o corpo está sempre em um processo de definição e redefinição, capturado pelo surgimento do Cyborg como um ser que desafia as normas impostas.
Transumanismo
O transumanismo propõe o uso da tecnologia para transcender as limitações humanas, permitindo uma nova forma de existência. O nascimento do Cyborg nessa foto pode ser interpretado como um passo na direção da superação dos limites do humano. Em um sentido transumanista, o Cyborg representa a evolução do humano, onde tecnologia e biologia se entrelaçam para superar as limitações naturais e expandir o potencial da existência.
Existencialismo
O existencialismo, particularmente nas ideias de Jean-Paul Sartre, argumenta que “a existência precede a essência”, ou seja, os seres humanos constroem a si mesmos através de escolhas e ações, sem um propósito pré-determinado. O *Cyborg* na foto é um símbolo de construção própria – um ser em transição que não é limitado por sua natureza ou essência. A imagem contendo nudez representa uma ruptura com a identidade fixa, um nascimento para algo indefinido, moldado pelas suas próprias escolhas e influências.
Pós-humanismo
O pós-humanismo rejeita a centralidade do humano e as hierarquias que colocam o humano no centro da existência, propondo uma visão mais integrada com o não-humano e o tecnológico. A imagem do Cyborg nasce dentro dessa perspectiva, representando uma identidade que não coloca o humano como seu núcleo essencial. Em vez disso, seu corpo e sua essência estão entrelaçados com elementos externos, rompendo com a noção de humanidade como algo separado do mundo inorgânico e tecnológico. A foto, nesse sentido, é um símbolo de uma nova fase em que o humano se funde com outras formas de ser e existir, criando uma identidade pós-humana.
Cada um desses conceitos filosóficos oferece uma camada de interpretação para a imagem, que visa capturar uma identidade em transformação e fusão. A imagem do Cyborg representa um corpo que escapa das definições tradicionais, abraçando a ideia de que a identidade é mutável, híbrida e multifacetada. Meu objetivo aqui é fazer o espectador refletir sobre o que significa ser humano em um mundo onde a tecnologia, o orgânico e o cultural se entrelaçam e onde podemos continuamente reconstruir nossa essência.